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sexta-feira, 2 de junho de 2017

A “racionalidade” capitalista: a boa-fé dos liberais de jardins infantis



É comum nos meios acadêmicos e também alguns “engajados” da ciência econômica dizerem que a produção do capital é a “forma econômica” mais racional. 

Mas, essencialmente, a lógica do capital é incontrolável e irracional. Os apologistas da seita do “Deus-Mercado” com seu terço às mãos (ou livros dos monetaristas) suplicam arduamente um lugar à sombra numa praia no verão.

Nesse sentido foi o que Marx constatou no “O Capital”:

“O objetivo do capital não é satisfazer necessidades, mas produzir lucro, alcançando essa finalidade por métodos que regulam o volume da produção pela escala de produção, e não o contrário. Por isso, terá sempre de haver discrepância entre as dimensões limitadas do consumo em base capitalista e uma produção que procura constantemente ultrapassar o limite que lhe é imanente.” (O Capital - Livro 3 - Volume 4, p. 294. Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 1974).

Ora, evidentemente que do ponto de vista individual, ou seja, do capitalista individual, importa, sobretudo, racionalizar o seu processo produtivo para se mantiver “competitivo” (isso de forma monopolista). O que significa mesmo que o capitalista disso nem desconfie, a necessidade de colocar um ritmo cada vez maior para aferir uma maior massa de valor, seja abaixando o tempo necessário a reprodução da força de trabalho pela via da mais-valia relativa, hora intensificando a jornada de trabalho ou aumentando-a pela via da mais-valia absoluta; ou pode ocorrer ainda a superexploração da força de trabalho pagando a força de trabalho abaixo de seu valor.

Obviamente que todo capitalista irá agir da mesma forma, isso não deriva de uma moralidade capitalista maldosa como as crianças de jardim de infância autoproclamadas liberais acreditam; ou de uma intenção que nasça na cabeça do capitalista caída direto do alto do Espírito Santo.

Mas, sim, porque na concorrência universal o capital como um movimento unitário, mesmo que constituído por momentos distintos possui uma lógica que aparece na sua totalidade, na sua universalidade, na dinâmica da síntese do capital por qual aparecem a tendência da queda da taxa de lucro, a absoluta incontrolabilidade do capital por nenhum agente que antes se subordinam ao seu movimento cego de autorreprodução, pois aí se incluem os capitalistas que subordinados a mesma dinâmica a reproduzem para continuarem capitalistas. É óbvio que a consciência desses indivíduos se desumaniza, reproduzem o movimento de sua própria dominação, porém veem nessa dominação sua potência histórica, seu desenvolvimento para essa classe aparece como o desenvolvimento do capital.

Torna-se evidente que o conjunto da humanidade subjugado a expansão e acumulação do capital nada tem de racional. Antes, é absolutamente irracional que em um mundo com 7,4 bilhões de indivíduos sociais se produza comida para mais de três vezes essa quantia, mas que 1,5 bilhões desse mesmo total de indivíduos estejam subnutridos por falta de alimentação.

A “racionalidade” capitalista está onde mesmo?


nunca disse que não :v