É comum
nos meios acadêmicos e também alguns “engajados” da ciência econômica dizerem
que a produção do capital é a “forma econômica” mais racional.
Mas,
essencialmente, a lógica do capital é incontrolável e irracional. Os apologistas
da seita do “Deus-Mercado” com seu terço às mãos (ou livros dos monetaristas)
suplicam arduamente um lugar à sombra numa praia no verão.
Nesse
sentido foi o que Marx constatou no “O
Capital”:
“O objetivo do capital não é
satisfazer necessidades, mas produzir lucro, alcançando essa finalidade por
métodos que regulam o volume da produção pela escala de produção, e não o
contrário. Por isso, terá sempre de haver discrepância entre as dimensões
limitadas do consumo em base capitalista e uma produção que procura
constantemente ultrapassar o limite que lhe é imanente.” (O Capital - Livro
3 - Volume 4, p. 294. Civilização Brasileira: Rio de Janeiro, 1974).
Ora,
evidentemente que do ponto de vista individual, ou seja, do capitalista
individual, importa, sobretudo, racionalizar o seu processo produtivo para se mantiver
“competitivo” (isso de forma monopolista). O que significa mesmo que o capitalista
disso nem desconfie, a necessidade de colocar um ritmo cada vez maior para
aferir uma maior massa de valor, seja abaixando o tempo necessário a reprodução
da força de trabalho pela via da mais-valia relativa, hora intensificando a
jornada de trabalho ou aumentando-a pela via da mais-valia absoluta; ou pode
ocorrer ainda a superexploração da força de trabalho pagando a força de
trabalho abaixo de seu valor.
Obviamente que todo capitalista irá agir da mesma forma, isso não deriva de uma moralidade
capitalista maldosa como as crianças de jardim de infância autoproclamadas liberais acreditam; ou de uma intenção que nasça na cabeça do capitalista caída
direto do alto do Espírito Santo.
Mas,
sim, porque na concorrência universal o capital como um movimento unitário,
mesmo que constituído por momentos distintos possui uma lógica que aparece na
sua totalidade, na sua universalidade, na dinâmica da síntese do capital por
qual aparecem a tendência da queda da taxa de lucro, a absoluta
incontrolabilidade do capital por nenhum agente que antes se subordinam ao seu
movimento cego de autorreprodução, pois aí se incluem os capitalistas que subordinados
a mesma dinâmica a reproduzem para continuarem capitalistas. É óbvio que a
consciência desses indivíduos se desumaniza, reproduzem o movimento de sua própria
dominação, porém veem nessa dominação sua potência histórica, seu
desenvolvimento para essa classe aparece como o desenvolvimento do capital.
Torna-se
evidente que o conjunto da humanidade subjugado a expansão e acumulação do
capital nada tem de racional. Antes, é absolutamente irracional que em um mundo
com 7,4 bilhões de indivíduos sociais se produza comida para mais de três vezes
essa quantia, mas que 1,5 bilhões desse mesmo total de indivíduos estejam subnutridos por falta de alimentação.
A “racionalidade”
capitalista está onde mesmo?
nunca disse que não :v |