A pobreza não é uma escolha |
Hoje, dia 06/09/2016, abro meu
Facebook, como de costume, após
chegar cansado do trabalho, e me deparo com uma notícia que me deixou
pessoalmente pensativo. A notícia era do site da BBC Brasil com o seguinte
título: “Crise leva famílias para baixo de viaduto”.
Não para menos, me veio à
mente; “é disso que os socialistas tratam! É disso que trata o socialismo!”.
E não para menos. O capitalismo, como sistema econômico, já esgotou suas forças
produtivas; suas crises são cíclicas; as contradições são inerentes a este
sistema que causa desumanidade para um fim – vulgo dinheiro –, que cega e aliena todos nós.
Voltando ao assunto da matéria
da BBC, nela está a seguinte informação: “Realizado
em 2015, o levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe)
revela que, na capital paulista, existem pelo menos 15.905 pessoas em situação
de rua – quase o dobro comparado a 2000, quando eram 8.706. A alta foi de 82%.”.
Enquanto muitos dormem as ruas, outros poucos se enriquecem cada vez mais, como
numa matéria da UOL Economia intitulado: “Apesar da crise,
aumenta o número de brasileiros em ranking de bilionários”.¹
A atual população mundial
com cerca de 7,2 bilhões, segundo a ONU, dos quais 18 milhões de mortes por ano
devido à pobreza, a maioria delas de crianças com menos de 5 anos (OMS); 924
milhões de “sem teto” ou que vivem em moradias precárias (UN Habitat 2003); 1,02
bilhões têm desnutrição crônica (FAO, 2009), etc. Sustentar a ideia de que um
sistema degenerado possa suprir nossas necessidades como um todo e
homogeneamente, é ignorar a realidade concreta.
Nem no “berço do capitalismo”
as coisas andam bem por lá: “Os números
são bem menores do que os de cidades como Nova York, onde o Departamento de
Serviço para Desabrigados calcula haver 57 mil moradores de rua, a maioria
dormindo em abrigos públicos. A população de São Paulo é 50% maior do que a da
cidade americana”, diz a mesma matéria da BBC. O colapso do capitalismo
segrega pessoas e desumaniza-nos. Daqui em diante, é ‘socialismo ou barbárie’.
A superação do capitalismo
para estabelecermos uma nova sociedade vem do advento não tão somente do
socialismo corrigir tais contradições, mas no sentido de reorganizar a
sociedade. Para o filósofo húngaro Istvan Mészáros, a saída para a ‘crise
estrutural’ passa necessariamente por uma tomada de consciência mundial. “É
preciso uma ação global unificada, com uma visão estratégia de fundo político,
para que sejamos capazes de encontrar uma solução para essa crise estrutural”.
Pegamos como exemplo EUA vs URSS: os EUA não dispõem de um
sistema público de saúde, o que condena diariamente 125 trabalhadores à morte.
Tal não se passaria na URSS, que oferecia cuidados médicos gratuitos a
toda a população. Os jovens norte-americanos contraem uma dívida média de 80
mil dólares durante a licenciatura. Na URSS, todos os graus de ensino, do
pré-escolar ao pós-doutoramento, eram gratuitos. Na terra do Tio Sam os
trabalhadores gastam metade do seu salário em habitação e serviços básicos. Na
URSS, as despesas representavam 2% do orçamento familiar e os serviços
básicos 4%.
Cuba possui o melhor sistema
de saúde público e gratuito de todo o continente. Seu sistema educacional
gratuito abrange toda a população. Seu índice de analfabetismo é o menor da América
Latina, assim como da desnutrição infantil. Seu índice de desenvolvimento
humano (IDH) também é o maior. Ainda convém lembrar uma célebre frase de Fidel
Castro: “milhões de crianças dormirão nas
ruas hoje, nenhuma delas é cubana”.
O grande historiador britânico
Eric Hobsbawm escreveu que “os
problemas do mundo não podem ser resolvidos nem por uma social-democracia – ou
ao menos o tipo de social-democracia existente na Suécia e talvez na Áustria,
que ainda está à altura do nome que tem – ou por uma “economia de mercado
social”.²
“O futuro do
socialismo assenta-se no fato de que continua tão necessário quanto antes,
embora os argumentos a seu favor já não sejam os mesmos em muitos aspectos. A
sua defesa assenta-se no fato de que o capitalismo ainda cria contradições e
problemas que não consegue resolver e que gera tanto a desigualdade (que pode
ser atenuada através de reformas moderadas) como a desumanidade (que não pode
ser atenuada)” – Eric Hobsbawm
Os socialistas estão aqui para
lembrar principalmente que devem vir as pessoas e não a produção. As pessoas
não podem ser sacrificadas em nome do ‘crescimento econômico’. O socialismo tem
a tarefa de libertar das amarras que estamos presos; onde tudo é mercadoria;
nosso “tempo é dinheiro” e a nossa liberdade proporcional ao nosso bolso.
Os socialistas exigirão não
apenas uma sociedade melhor que a do passado, mas, como sempre sustentaram, um tipo diferente de
sociedade. Uma sociedade que não é apenas capaz de salvar a humanidade de
um sistema produtivo que perdeu o controle, mas em que as pessoas possam viver dignamente como seres humanos: não apenas no conforto, mas juntas e com justiça.
É por isso que socialismo é necessário como
sempre foi – ainda mais nos tempos atuais. ☭
Link da matéria citada: http://www.bbc.com/portuguese/brasil-37138079
Referências:
1) Matéria da UOL Economia:
2) Texto de Eric Hobsbawm: https://acervocriticobr.blogspot.com.br/2016/07/renascendo-das-cinzas-por-eric-hobsbawm.html
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