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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Ontologia marxiana: a questão da dialética

Uma coisa que sempre pega o pessoal das ciências humanas (aqueles que têm a seriedade da pesquisa e do saber das categorias a serem estudadas) é a tal dialética. Assim, em uma conversa com o Frederico Lambertucci, pusemos a discuti-la.

Marx, partindo da crítica à concepção dialética de Hegel, dará importante contribuição às discussões em torno da dialética. Fundamental para isso será a concepção de homem elaborada por Feuerbach. Ele entende o homem como “sensível” e “concreto”. Karl Marx opõe a Hegel esse homem sensível de Feuerbach e ao homem espiritual hegeliano, Marx contrapõe o homem real feuerbachiano. De acordo com Marx, a atitude de Hegel é uma forma mistificadora da dialética.


Em Hegel, a dialética aparece como uma lógica abstrata que encadeia todo o movimento real. Mas, Marx confirma a dialética no processo real, na apreensão da efetividade da processualidade da matéria. A diferença é que a lógica está subsumida aos conteúdos ontológicos. A dialética em Marx não é a mesma dialética hegeliana. Ela não é uma lógica externa a um objeto: é sempre uma lógica interna de um objeto determinado, particular.

Marx critica a concepção dialética idealista de Hegel por atribuir ao espírito (uma entidade mística) a responsabilidade pelo desenvolvimento da história humana. Se o sistema hegeliano fazia tudo derivar da Ideia Absoluta, Marx defende que a consciência, o pensamento, a ideia são apenas reflexos da realidade material.


Marx não só vira a dialética – e essa ideia é stalinismo puro – não é apenas pegar a dialética e virar ela de ponta à cabeça. A dialética em Hegel é o seu para-si, em outros termos, ela mesmo encadeia o real em sua processualidade até o devir do Absoluto. É uma força abstrata que vai se complexificando através dos processos de síntese, que tem seu desenvolvendo expresso nas categorias. Encadeia tudo no interior da tríade: “Tese - Antítese – Síntese”. Hierarquiza o real no processo de aliená-lo. A Ideia vai se desenvolvendo através desse pôr.


Contudo, o motor da história para Hegel é justamente essa contradição central entre Ideia e sua alienação o mundo material. Marx critica a concepção dialética idealista de Hegel por atribuir ao espírito (uma entidade mística) responsabilidade pelo desenvolvimento da história humana. Ao contrário de Hegel, Marx propôs outro sistema, o materialismo histórico e dialética. Se o sistema hegeliano fazia tudo derivar da Ideia Absoluta, Marx defende que a consciência, o pensamento, a ideia são apenas reflexos da realidade material.

Um exemplo: a gravitação possui uma lógica. E só existe porque os planetas se alinharam de tal forma e possuem certa massa, etc. Mas, a lógica da gravitação não é universal – é particular desse forma ontológica determinada. Hegel pensa em uma lógica universal. Em Marx, não existe nada disso. A lógica é sempre de um objeto real e determinado, portanto, as categorias são ontológicas. 

A obra de Marx só é possível dado o aparecimento do proletariado no plano histórico-concreto. Exatamente por isso é impossível uma nova teoria social. O que de fato fez Marx, diferente de partir de um “método dialético” (que enquadrava coisas numa ordem lógica), buscou a lógica de um objeto, entendê-lo a partir de si, extrair dele suas diferenças específicas e, assim, compreendê-lo dentro de suas especificidades.


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