Um dos erros que tanto
liberais quanto conservadores fazem muito é a maneira como tratam o termo
igualdade.
Aparentemente, muita gente é
incapaz de distinguir igualdade de homogeneidade. Talvez isso derive da
tendência das pessoas em sociedade capitalista se enxergarem primordialmente
como consumidoras: a distopia é um supermercado onde uma marca de comida
fabricada pelo Estado está em todos os itens e todos eles possuem embalagens
vermelhas e letras amarelas.
Aqui vai um trecho incisivo
de Engels:
“Eliminação de toda
desigualdade social e política’, em vez de ‘superação de toda distinção de
classe’, é também uma expressão muito duvidosa. De um país para outro, de uma
província para outra e até mesmo de um lugar para outro, sempre existirá certa
desigualdade de condições de vida, que poderá ser reduzida a um mínimo, mas
nunca completamente eliminada. Os habitantes dos Alpes terão sempre condições
de vida diferentes das dos povos das planícies. A representação da sociedade
socialista como o reino da igualdade é uma representação unilateral francesa,
baseada na velha “liberdade, igualdade, fraternidade”, uma representação que
teve sua razão de ser como fase de desenvolvimento, em seu tempo e em seu
lugar, mas que agora, como todas as unilateralidades das primeiras escolas
socialistas, deveria ser superada, uma vez que serve apenas para provocar
confusão nos cérebros e porque, além disso, descobriram-se formas mais precisas
de tratar a questão.”.
Em vez de permitir todas as
pessoas seguirem seu espírito “empreendedor” em busca de desafios que os
realize, o capitalismo aplaude o pequeno número de empresários que conquistam
largas fatias dos mercados de massa (com a Santa-Meritocracia ajudada pelo
Estado). Produzir coisas em escala, induzida a uma dupla uniformização da
sociedade: toneladas e toneladas de pessoas que compram os mesmos produtos; e
toneladas de pessoas que fazem o mesmo trabalho (sem saber a finalidade deste,
o porquê e o motivo). Uma individualidade que viceja dentro desse sistema é
muitas vezes extremamente superficial.
Você já viu os condomínios
que se constroem no país? Viu os cubículos cinza, banhados em luz fluorescente
em prédios de escritório tão semelhantes entre si? As lojinhas e as áreas de
serviço e os seriados da TV? A possibilidade de adquirir produtos das firmas
capitalistas concorrentes não produziu uma sociedade interessante e variada
como tanto pregam.
É importante lembrar que o
termo “igualdade” é puramente idealista. Deste modo, o comunismo é baseado
no oposto da uniformização: uma diversidade enorme não só entre as pessoas, mas
até na “ocupação” de uma única pessoa.
Por isso, a igualdade que se
dizem tanto por aí é abstrata. Para falarmos em igualdade, é preciso, portanto,
superar a divisão social do trabalho, a exploração e a lógica mercadológica – e
o Estado burguês. Numa sociedade da indiferença, a individualidade é
homogeneizada. Só numa sociedade humanamente diferente é onde nossas diferenças
sociais aparecem.
O erro liberal e conservador
é a crença da desigualdade social ser o mesmo que diferença, por isso é
natural, e expressada por sua vez na sociedade por via econômica, ou seja, o
diferente é imbricado a natureza humana que, por sua, vez desigual. Sendo que o
desigual é social assim como a tentativa de superar a mesma com igualdade de
potencialidades.
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