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segunda-feira, 10 de abril de 2017

A “igualdade” no comunismo




Um dos erros que tanto liberais quanto conservadores fazem muito é a maneira como tratam o termo igualdade.
Aparentemente, muita gente é incapaz de distinguir igualdade de homogeneidade. Talvez isso derive da tendência das pessoas em sociedade capitalista se enxergarem primordialmente como consumidoras: a distopia é um supermercado onde uma marca de comida fabricada pelo Estado está em todos os itens e todos eles possuem embalagens vermelhas e letras amarelas.

Aqui vai um trecho incisivo de Engels:

“Eliminação de toda desigualdade social e política’, em vez de ‘superação de toda distinção de classe’, é também uma expressão muito duvidosa. De um país para outro, de uma província para outra e até mesmo de um lugar para outro, sempre existirá certa desigualdade de condições de vida, que poderá ser reduzida a um mínimo, mas nunca completamente eliminada. Os habitantes dos Alpes terão sempre condições de vida diferentes das dos povos das planícies. A representação da sociedade socialista como o reino da igualdade é uma representação unilateral francesa, baseada na velha “liberdade, igualdade, fraternidade”, uma representação que teve sua razão de ser como fase de desenvolvimento, em seu tempo e em seu lugar, mas que agora, como todas as unilateralidades das primeiras escolas socialistas, deveria ser superada, uma vez que serve apenas para provocar confusão nos cérebros e porque, além disso, descobriram-se formas mais precisas de tratar a questão.”.

Em vez de permitir todas as pessoas seguirem seu espírito “empreendedor” em busca de desafios que os realize, o capitalismo aplaude o pequeno número de empresários que conquistam largas fatias dos mercados de massa (com a Santa-Meritocracia ajudada pelo Estado). Produzir coisas em escala, induzida a uma dupla uniformização da sociedade: toneladas e toneladas de pessoas que compram os mesmos produtos; e toneladas de pessoas que fazem o mesmo trabalho (sem saber a finalidade deste, o porquê e o motivo). Uma individualidade que viceja dentro desse sistema é muitas vezes extremamente superficial.

Você já viu os condomínios que se constroem no país? Viu os cubículos cinza, banhados em luz fluorescente em prédios de escritório tão semelhantes entre si? As lojinhas e as áreas de serviço e os seriados da TV? A possibilidade de adquirir produtos das firmas capitalistas concorrentes não produziu uma sociedade interessante e variada como tanto pregam.

É importante lembrar que o termo “igualdade” é puramente idealista. Deste modo, o comunismo é baseado no oposto da uniformização: uma diversidade enorme não só entre as pessoas, mas até na “ocupação” de uma única pessoa.

Por isso, a igualdade que se dizem tanto por aí é abstrata. Para falarmos em igualdade, é preciso, portanto, superar a divisão social do trabalho, a exploração e a lógica mercadológica – e o Estado burguês. Numa sociedade da indiferença, a individualidade é homogeneizada. Só numa sociedade humanamente diferente é onde nossas diferenças sociais aparecem. 

O erro liberal e conservador é a crença da desigualdade social ser o mesmo que diferença, por isso é natural, e expressada por sua vez na sociedade por via econômica, ou seja, o diferente é imbricado a natureza humana que, por sua, vez desigual. Sendo que o desigual é social assim como a tentativa de superar a mesma com igualdade de potencialidades.

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